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Não há
dúvidas de que a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios,
prevista no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/30), trouxe benefícios práticos
para sociedade, contribuindo para diminuir a violência nos campos de futebol.
Segundo cálculos do Ministério Público, a média anual de ocorrências policiais
nos estádios caiu de 500 para menos de 100. Só em São Paulo, a redução foi de
mais de 60%. “Os números representam uma conquista para o país, mas que foi
colocada em risco em prol de interesses comerciais”, afirma o presidente da
Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Joaquim de
Melo Neto.
O
presidente da Abead reforça que o Estado brasileiro ignorou o Estatuto do
Torcedor e diversas leis estaduais para satisfazer interesses econômicos da
FIFA e da marca de cerveja que patrocina o evento. “Não se trata apenas de uma
submissão, mas também de uma séria ameaça à saúde pública. Em 30 dias, o Brasil
vai retroceder anos em seu esforço pela prevenção e conscientização da população
sobre os males causados pelo abuso de álcool”, acrescenta.
Segundo
o médico, a proibição do comércio de bebidas alcoólicas nos campos de futebol
percorreu um longo caminho até se institucionalizar. “Muito esforço foi
empregado para que a sociedade em geral se convencesse dos benefícios da medida
e os frequentadores dos estádios, bem como o comércio nas praças esportivas, se
adaptassem à nova realidade”. A concessão feita à FIFA, continua ele, abre
precedente para que a CBF e outras federações estaduais exijam o livre comércio
em jogos da sua competência. “A regra vai além do resultado prático de diminuir
a violência no local, objetivo extremamente importante, e possui ainda efeito
preventivo, já que relação entre o futebol e seus ídolos com o álcool estimula
o consumo, principalmente entre os jovens. Impedir essa associação é essencial
para diminuir os graves problemas causados pelo consumo de bebidas alcoólicas
que observamos diariamente”, completa.
Para o
presidente da Abead, é fundamental resguardar os interesses da população no que
diz respeito à saúde pública e à segurança nos estádios, independentemente dos
interesses e intervenções de alguns grupos. “Acredito que não só a Associação,
mas toda a sociedade lamenta a decisão. Todos nós queremos a Copa no Brasil,
mas é preciso estabelecer limites. Não é aceitável negociar a saúde da
população para receber o evento. Agora, mais do que nunca, precisamos nos
mobilizar para reverter a medida e impedir que o álcool retorne aos estádios
brasileiros”, diz Joaquim de Melo Neto.
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