odocumento.com.br - Da Redação
Os problemas ocasionados pelos
entorpecentes e o álcool e a relação das drogas licitas e ilícitas com a
violência doméstica foram abordados pela promotora de Justiça Lindinalva
Rodrigues Dalla Costa durante a palestra Violência Doméstica e sua Relação com Consumo
de Drogas Lícitas e Ilícitas, durante o I Seminário Mato-grossense Violência
Contra a Mulher – Reflexões em Busca de Soluções na manhã desta sexta-feira (23
de março).
Coordenadora das Promotorias de
Violência Doméstica de Cuiabá e presidente da Comissão Permanente de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher (COPEVID), Lindinalva apresentou dados de
várias pesquisas mostrando o quanto o álcool e as drogas interferem no
comportamento e têm ligação direta com a violência doméstica. A promotora também
citou vários exemplos reais expostos pela mídia.
Lindinalva Costa lembrou que o
álcool desinibe o homem e causa o rebaixamento crítico, deixando-o mais
suscetível a cometer violência doméstica. Dos casos relatados em delegacias,
83% são relacionados ao alcoolismo. “Em casas onde a bebida está presente, a
incidência das agressões é três vezes maior”, comentou a palestrante.
Com base em uma pesquisa
realizada pela Escola Paulista de Medicina, a coordenadora do COPEVID apontou
que casais que ingerem álcool permanecem mais de 20 anos juntos e apesar de
toda a violência sofrida, a maioria das mulheres relata que vê somente na morte
a possibilidade da separação. “Os mesmos relatos vemos com as vítimas de
violência da nossa cidade”.
Ainda como parte da apresentação,
a promotora destacou que tanto o álcool quando a droga refletem diretamente na
degradação física, mental e emocional. Na ocasião, também foram apresentados
dados sobre mulheres que terminam vendo no álcool um “remédio” para acalentar a
dor provocada pelas agressões em casa. “É um outro lado da violência e do
álcool. Temos estudos que mostram a vulnerabilidade da mulher quando ingere as
drogas, seja lícita ou ilícita. Elas são alvos mais fáceis e a própria
sociedade a condena pela sua condição”.
Ao final da palestra, a juíza da
Segunda Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de
Cuiabá, Adriana Sant’anna Coningham, o juiz de direito do Juizado Especial
Criminal Unificado da Comarca de Cuiabá (Jecrim), Mário Roberto Kono de
Oliveira, e o comandante do 4º Batalhão de Várzea Grande, tenente-coronel
Wilquerson Felizardo Sandes, discorreram sobre o tema. A magistrada reforçou a
importância da mulher não aceitar a agressão sobre o pretexto de o companheiro
estar bêbado. “Ouvimos muito isso e não está correto”, enfatizou.
O tenente-coronel confirmou as
informações apresentadas na palestra e destacou que 80% das ocorrências
atendidas pela Policia Militar são referentes à violência doméstica de modo
geral. “O crime é o último estágio da violência. Até chegar nesse ponto, muita
coisa acontece. Vivemos isso hoje em dia por conta de uma crise de valores
presente na atual sociedade. A família hoje terceirizou a educação e muitos
pais não querem acompanhar os filhos. As mulheres são tratadas como coisa, a
começar pelas músicas que tocam hoje em dia, em uma forma de violência
instituída de forma velada e justificando a agressão”.
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