26 de mar. de 2012

Drogas e álcool tem relação direta com agressões


odocumento.com.br - Da Redação

Os problemas ocasionados pelos entorpecentes e o álcool e a relação das drogas licitas e ilícitas com a violência doméstica foram abordados pela promotora de Justiça Lindinalva Rodrigues Dalla Costa durante a palestra Violência Doméstica e sua Relação com Consumo de Drogas Lícitas e Ilícitas, durante o I Seminário Mato-grossense Violência Contra a Mulher – Reflexões em Busca de Soluções na manhã desta sexta-feira (23 de março).
Coordenadora das Promotorias de Violência Doméstica de Cuiabá e presidente da Comissão Permanente de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (COPEVID), Lindinalva apresentou dados de várias pesquisas mostrando o quanto o álcool e as drogas interferem no comportamento e têm ligação direta com a violência doméstica. A promotora também citou vários exemplos reais expostos pela mídia.
Lindinalva Costa lembrou que o álcool desinibe o homem e causa o rebaixamento crítico, deixando-o mais suscetível a cometer violência doméstica. Dos casos relatados em delegacias, 83% são relacionados ao alcoolismo. “Em casas onde a bebida está presente, a incidência das agressões é três vezes maior”, comentou a palestrante.
Com base em uma pesquisa realizada pela Escola Paulista de Medicina, a coordenadora do COPEVID apontou que casais que ingerem álcool permanecem mais de 20 anos juntos e apesar de toda a violência sofrida, a maioria das mulheres relata que vê somente na morte a possibilidade da separação. “Os mesmos relatos vemos com as vítimas de violência da nossa cidade”.
Ainda como parte da apresentação, a promotora destacou que tanto o álcool quando a droga refletem diretamente na degradação física, mental e emocional. Na ocasião, também foram apresentados dados sobre mulheres que terminam vendo no álcool um “remédio” para acalentar a dor provocada pelas agressões em casa. “É um outro lado da violência e do álcool. Temos estudos que mostram a vulnerabilidade da mulher quando ingere as drogas, seja lícita ou ilícita. Elas são alvos mais fáceis e a própria sociedade a condena pela sua condição”.
Ao final da palestra, a juíza da Segunda Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Cuiabá, Adriana Sant’anna Coningham, o juiz de direito do Juizado Especial Criminal Unificado da Comarca de Cuiabá (Jecrim), Mário Roberto Kono de Oliveira, e o comandante do 4º Batalhão de Várzea Grande, tenente-coronel Wilquerson Felizardo Sandes, discorreram sobre o tema. A magistrada reforçou a importância da mulher não aceitar a agressão sobre o pretexto de o companheiro estar bêbado. “Ouvimos muito isso e não está correto”, enfatizou.
O tenente-coronel confirmou as informações apresentadas na palestra e destacou que 80% das ocorrências atendidas pela Policia Militar são referentes à violência doméstica de modo geral. “O crime é o último estágio da violência. Até chegar nesse ponto, muita coisa acontece. Vivemos isso hoje em dia por conta de uma crise de valores presente na atual sociedade. A família hoje terceirizou a educação e muitos pais não querem acompanhar os filhos. As mulheres são tratadas como coisa, a começar pelas músicas que tocam hoje em dia, em uma forma de violência instituída de forma velada e justificando a agressão”.

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