Recursos foram para o atendimento
de 3 milhões de usuários de drogas
Do Metro vivabem@band.com.br
O governo federal gastou R$ 1,8 bilhão por meio do
SUS (Sistema Único de Saúde) no atendimento de 3 milhões de dependentes
químicos somente no ano passado. O dinheiro foi destinado para a Rede de
Atenção Psicossocial, responsável pelas ações voltadas para usuários de drogas
e álcool no país. Esse montante representa 2,5% do Orçamento do governo federal
para a área da saúde.
Do total de R$ 1,8 bilhão, 34% foram usados em
internações e atendimentos hospitalares. Outros R$ 490 milhões foram gastos no
custeio de 2,5 mil leitos exclusivos para o tratamento de dependentes químicos.
Em dez anos, o Ministério da Saúde diz ter triplicado o volume de recursos
destinados para a rede de atendimento. Em 2002, a verba era de R$ 619 milhões.
Para este ano, a previsão é de que chegue a R$ 2,1 bilhões.
Para a psiquiatra Ana Cecilia Marques, conselheira
da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), a falta
de uma política antidrogas efetiva por parte do governo federal impede avaliar
os resultados obtidos com os recursos liberados. Segundo ela, antes de elevar
os investimentos, é preciso mapear o dependente. “Um histórico é o primeiro
passo. Ele permitirá levantar onde é preciso um novo leito ou um programa de
acompanhamento familiar. É preciso montar o perfil do doente para combater a
doença.”
O crack na mira
O aumento nos investimentos é parte do Plano
Nacional de Combate ao Crack, que receberá um aporte direto de R$ 350 milhões, a
meta do governo é destinar R$ 2 bilhões para o tratamento de dependentes da
droga até 2014. O foco principal são os centros de aglomeração de viciados,
como a Cracolândia, que concentra dependentes de crack. Com essa verba, o
governo promete abrir 13,5 mil novos leitos. Hoje, o SUS tem cerca de 9 mil
leitos para dependentes químicos, divididos entre hospitais psiquiátricos,
prontos-socorros e Caps (Centros de Atendimento Psicossocial).
A psiquiatra Ana Cecilia diz que concentrar os
gastos em novos Caps é ir na contramão da ciência. “Estamos criando um país de
doentes. É preciso investir na prevenção e adotar uma política de combate à
oferta de drogas.” Durante visita à Cracolândia em janeiro, o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, disse que o aumento nos investimentos do governo e a
política de internações é parte do programa que está em andamento. Segundo o
ministro, o governo não tem uma visão “reducionista” em suas medidas antidrogas.
“Buscamos unir planejamento e recursos”, diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário